Como os Jogos Paralímpicos nos ensinam a melhorar nosso Casamento:

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Os Jogos Paralímpicos são uma celebração de superação, resiliência e potencial humano. São uma prova de que, independentemente das limitações físicas, os atletas são capazes de realizar feitos extraordinários, tanto quanto, ou até mais, que os atletas olímpicos convencionais. Essa filosofia de fazer o melhor com o que se tem, sem se deixar abater, pode ser vista como uma metáfora poderosa para o casamento. Assim como os atletas paralímpicos, casais também enfrentam desafios, imperfeições e limitações, e cabe a eles decidir como encarar esses obstáculos.

No casamento, assim como nos esportes paralímpicos, o foco não deve estar nas limitações, mas sim na capacidade de superar essas limitações com determinação, paciência e, acima de tudo, um forte senso de parceria e cooperação. O psicólogo e escritor William James dizia: “A grande descoberta de minha geração é que o ser humano pode mudar sua vida mudando sua atitude mental” (James, 1950). Isso é crucial tanto para os atletas quanto para casais: a atitude em relação às circunstâncias é o que determina o sucesso ou fracasso, mais do que as próprias circunstâncias em si.

O Poder da Superação

Os Jogos Paralímpicos são uma evidência viva de que é possível transformar limitações em força. No casamento, muitas vezes é fácil focar nas deficiências do parceiro — nas áreas em que ele ou ela “falha” ou “não corresponde às expectativas”. No entanto, um casamento saudável requer que cada parceiro aceite as limitações um do outro e trabalhe para valorizar e ampliar as qualidades positivas.

Um exemplo claro dessa mentalidade nos Jogos Paralímpicos é a superação de desafios físicos que, para muitos, seriam considerados intransponíveis. Atletas como a nadadora americana Jessica Long, que nasceu com uma condição rara que levou à amputação de suas pernas ainda bebê, não apenas competem, mas ganham medalhas e quebram recordes. No casamento, também há desafios que parecem enormes, como diferenças de personalidade, problemas financeiros ou desafios de comunicação. No entanto, a chave é, como ensina Long em suas palestras motivacionais, “encontrar o que é possível fazer e fazê-lo com todo o seu coração” (Long, 2021).

O mesmo princípio se aplica às relações. Focar nas limitações — seja na falta de habilidades, seja em características que causam frustração — apenas amplia os defeitos. Em vez disso, valorizar e destacar os aspectos positivos é o caminho para fortalecer a união. Psicólogos como John Gottman, famoso por suas pesquisas sobre o casamento, identificaram que casais que enfatizam o positivo em seus relacionamentos têm muito mais probabilidade de superar os desafios e manter uma conexão sólida ao longo do tempo. Gottman sugere que a relação deve ter, no mínimo, uma proporção de cinco interações positivas para cada interação negativa para que o relacionamento se mantenha saudável (Gottman & Silver, 1999).

Resiliência em Ambos os Cenários

A resiliência é um conceito central tanto para atletas paralímpicos quanto para casais que querem construir um relacionamento duradouro. Resiliência envolve a capacidade de se recuperar de dificuldades e seguir em frente com determinação. Para os atletas paralímpicos, essa resiliência é muitas vezes física, mas também emocional e mental. Eles enfrentam desafios não apenas na competição, mas em suas vidas diárias. No casamento, essa resiliência emocional é igualmente necessária.

Casais resilientes são aqueles que conseguem lidar com frustrações, perdas e decepções, encontrando maneiras de seguir em frente juntos. A psicóloga Brené Brown fala muito sobre vulnerabilidade e resiliência emocional. Em seu livro “A Coragem de Ser Imperfeito”, ela afirma que a vulnerabilidade e a aceitação das próprias imperfeições são essenciais para o crescimento e a conexão emocional (Brown, 2012). No contexto do casamento, isso significa que, ao reconhecer nossas próprias falhas e as do parceiro, e ainda assim optar por valorizar o que há de positivo, criamos um espaço de empatia, perdão e, consequentemente, resiliência.

Assim como os atletas paralímpicos precisam de apoio para se manter resilientes, casais também se beneficiam de apoio mútuo. Um estudo realizado por Elaine Hatfield sobre o apoio emocional no casamento sugere que a empatia e o suporte são cruciais para a saúde emocional de ambas as partes. Hatfield e seus colaboradores argumentam que os casais que se oferecem apoio emocional em tempos difíceis demonstram maior satisfação conjugal a longo prazo (Hatfield et al., 1994).

A Importância da Colaboração

Nos Jogos Paralímpicos, o sucesso de muitos atletas não é apenas resultado de seu próprio esforço, mas de uma colaboração entre treinadores, equipes de suporte e até mesmo outros atletas. Da mesma forma, o sucesso no casamento depende da cooperação e do trabalho em equipe. É um esforço conjunto. Quando cada parceiro trabalha para apoiar o outro e valorizar seus pontos fortes, o relacionamento prospera.

Os casais que veem seu casamento como uma equipe — em que ambos os parceiros estão lutando pelo mesmo objetivo — têm uma vantagem significativa. O filósofo Friedrich Nietzsche certa vez disse: “O que não me mata, me fortalece” (Nietzsche, 1888). Nos Jogos Paralímpicos, os desafios físicos muitas vezes servem para fortalecer a mentalidade do atleta. No casamento, os desafios emocionais e as dificuldades do dia a dia também podem fortalecer a relação se forem enfrentados juntos.

Quando casais enfrentam desafios como adversidades financeiras, doenças ou conflitos de valores, a chave está em enfrentar essas batalhas como uma equipe, assim como os atletas paralímpicos dependem de sua rede de apoio para alcançar seus objetivos. A escritora Esther Perel, em seu livro “O Estado das Coisas”, enfatiza que a força de um relacionamento está na sua capacidade de se adaptar e crescer frente aos desafios (Perel, 2017).

Focar no Potencial, Não nas Limitações

Um dos aspectos mais inspiradores dos Jogos Paralímpicos é a maneira como os atletas escolhem focar em seu potencial, em vez de suas limitações. Isso oferece uma lição poderosa para o casamento. Quando um casal escolhe focar no que cada parceiro pode oferecer — suas habilidades, suas qualidades emocionais, sua capacidade de amar e apoiar — em vez de focar nas falhas e nas imperfeições, eles criam um ambiente de crescimento e amor mútuo.

A psicóloga Carol Dweck, em sua teoria de mindset, fala sobre a importância de desenvolver uma mentalidade de crescimento. Ela afirma que pessoas que adotam uma mentalidade de crescimento acreditam que suas habilidades e qualidades podem ser desenvolvidas com esforço e dedicação (Dweck, 2006). No casamento, essa mentalidade permite que os parceiros vejam um ao outro não como estáticos ou limitados, mas como seres em evolução que podem crescer juntos.

Conclusão

Assim como os atletas paralímpicos nos mostram que as limitações podem ser superadas, os casais podem aprender a valorizar o que há de melhor no parceiro, focando no potencial, na colaboração e na resiliência emocional. O casamento é uma jornada que, como nos Jogos Paralímpicos, exige perseverança, determinação e um compromisso de fazer o melhor com o que se tem. É nesse esforço conjunto, em valorizar o positivo e deixar as imperfeições para trás, que os casais encontram a verdadeira força de sua união.


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